Levantei no acalanto da escuridão, preparei-me para encontrar a natureza no seu momento mais silencioso, sem voltas de barulho de cidade.
Enfim, em companhia das árvores e seus moradores cantadores, corria como que voava, e os quinze quilômetros de chão e terra, grama e galhos, pareciam nuvens, e aqueles no final senti como se fossem cinco.
Os pássaros, assim que me percebiam passar-voar, bisbilhotavam cantarolas em seus repertórios musicais, e então entoavam o que de mais belo podia ser. Então, meu terceiro pensamento, aquele divino, que só vive no mais puro, nascido na alvorada, coroou-se ao final, em comunhão festiva com o mundo - de grande, o mundo ficou sereno.
Pensei em acordar de uma espécie de encanto, mas quando se está nele, o que fazer? O encantamento se murcha, tão-sozinho? Lembrei-me, conduzida por uma ideia ligeira, que o próximo segundo é irreal e desconhecido.
E mais, descurar eu poderia?, da imagem de um outro alguém com olhar manso, manso pelo sobejamente percebido, e domesticado pela tranquilidade?
Na mata, os galhos carregados de folhas e passarinhos, e eu correndo, carregada de reflexões. Acho, senão justo, apropriado.
Viviane Anetti