quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Raio de Sol, Cravo Branco, Pena Branca ~ emboladores

https://www.youtube.com/watch?v=-m4H5DAqdes ~ Raio e Cravo no centro da cidade
Inteligência astuta, cultura viva! Cascata de palavras em rimas, improvisação, rapidez e ousadia, vocabulário rico. Eles são eles em essência, nas ruas, nas praças, nos aglomerados de gente, confraternizações, nos ônibus e trens, nas feiras e mercados ao ar livre. Tentar retirá-los totalmente de seu habitat e enquadrá-los, forçosamente irá artificializá-los. Universidades, empresas e programas televisivos procuram atraí-los. Sua manifestação cultural decorre do contato direto com o povo, e os mais variados tipos de pessoas. 
https://www.youtube.com/watch?v=_VBv7xzkuSY no Parque do Ibirapuera-homem de brinco ~ https://www.youtube.com/watch?v=_TW-NkNtSjA Raio e filho  ~
https://www.youtube.com/watch?v=4LxBNrSXSBI Raio de Sol e Pena Branca, solidariedade aos índios Guarani Kaiowá
https://www.youtube.com/watch?v=nzUV2n1EPXU Pelé X Maradona, casal de argentinos, etc.

Raio e Cravo em evento esportivo

                                                          

Pandeiristas levam deboche ao centro
CARLOS BOZZO JÚNIOR 
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em uma "crossroad" do centro da cidade, o cruzamento das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, os pandeiristas pernambucanos Almir Leão Cavalcanti, 25, o Raio de Sol, e Robério Barbosa da Silva, 19, o Cravo Branco, são quase imperceptíveis, até o momento em que começam a cantar e tocar.
Nessa encruzilhada, substituem, com suingue e poesia, o blues por coco, embolada e desafio malcriado, que debocham, em versos, do racismo, da discriminação, da corrupção e do diabo.
Filhos da dupla de repentistas Curió e Andorinha, Raio de Sol e Cravo Branco, de segunda à sexta-feira, das 10h às 16h, fazem um círculo d'água no calçadão para demarcar o local de sua performance. Vendem seu trabalho em fitas cassete, ganhando, em média, R$ 60 por dia.
Analfabetos, recorrem à mulher de Raio de Sol, que lê para eles as notícias dos jornais e das revistas, antes de virarem versos. Os músicos já tiveram um disco gravado, mas o sonho persiste: "Se encontrasse Papai Noel, pediria para gravar um CD de forró e embolada, com Dominguinhos tocando sanfona", diz Raio de Sol.
Preso inúmeras vezes por estar tocando na rua, ele se lembra de uma delas, quando o delegado perguntou o que ele estava fazendo ali, na delegacia. "Eu acho que vim cantar para o senhor", respondeu o músico. "Sou repentista, e seu soldado me trouxe não sei por quê. Sou um poeta que canta a música brasileira."
O delegado, aproveitando que uma das investigadoras estava noiva, mandou que ele provasse que era repentista discorrendo sobre o tema casamento.
Raio de Sol não só provou como aglomerou, na delegacia, pessoas que gargalharam de seus versos. Só parou de cantar quando o delegado comprou um de seus discos.
Na saída, Raio de Sol encontrou o soldado que o prendeu e disse: "Se toda vez que você me trouxer o delegado comprar um disco, vá lá e me busque sempre."
(CBJ)