«A Arte de Passear», escrito em 1802, e editado em português, eleva o mero passeio ao estatuto de delicado exercício estético. Para o seu autor, o filósofo Karl Gottlob Schelle, amigo de Kant, viver continuamente em atmosferas confinadas torna o espírito débil, e o passeio, longe de ser uma actividade puramente física, constitui uma promessa de prazer renovado. Pela acção do corpo, o passeio põe em movimento os mecanismos do espírito, engendrando uma verdadeira necessidade intelectual.
“O movimento do corpo não é directamente uma das condições da vida”, escreve Schelle, “e a sua ausência não desencadeia irremediavelmente a morte… mas ele é, no entanto, uma condição indirecta. Ele é indispensável para a saúde do corpo e para o bom funcionamento do organismo”