quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A organização cognitiva particular
do cérebro dos sobredotados
HIPERATIVAÇÃO CEREBRAL: TEMPESTADE SOBRE UM CRÂNIO 
Um cérebro num estado permanente de hiperatividade, com conexões a grande velocidade e que se desdobram em todas as áreas do cérebro simultaneamente. Um borbulhamento cerebral permanente que amplia consideravelmente as capacidades do pensamento, mas que se torna rapidamente muito difícil de canalizar.
“Eu tenho tão plena a cabeça que eu tento falar muito rápido para tudo dizer, mas eu me atrapalho, é a catástrofe.” 
“Eu penso em tantas coisas de uma vez que, por momentos, eu não sei mais onde eu estou, eu perco o fio de meu pensamento. Isto vai muito rápido e eu tenho a impressão de esquecer as idéias essenciais.” 
“É tanta intensidade no meu crânio que eu tenho por vezes a impressão que estou em superaquecimento e que alguma coisa vai soltar. De fato, isto me dá medo. Então, eu tento me forçar em não pensar, mas eu não chego a isto. É como se eu fosse prisioneiro de meu cérebro.”
***
• O que se confunde: a inteligência e a performance.
• O que se mistura: as competências e o êxito.
• O que se superpõe: o potencial e a eficácia intelectual.
• O que se associa: uma inteligência quantitativamente elevada (aquela dos mais inteligentes que a norma) mas adaptada às exigências do meio ambiente, e uma inteligência qualitativamente diferente cujo modo de funcionamento pode ser uma fonte de sofrimentos, aquela dos sobredotados (inteligentes de outra maneira).
• O que se esquece: compreender, analisar, memorizar rápido não é ter o conhecimento ou a ciência infundida.
• O que se minimiza: a extrema inteligência é indissociável da extrema sensibilidade, da extrema receptividade emocional.
• O que se oculta: a hiperinteligência e a hipersensibilidade vulnerabilizam e fragilizam.
• O que se ignora: sentir e perceber com uma lucidez afiada todos os componentes do mundo material e das relações humanas gera uma reativação emocional constante, fonte de uma ansiedade difusa.

Desde que se pense em inteligência, isto ativa numerosas representações paradoxais. Interroga-se de imediato sobre o sentido: ser inteligente, é o quê? E sobre as conseqüências: ser inteligente, isso supõe o quê? E enfim sobre as expectativas: ser inteligente, eu devo fazer o quê? E se eu não chego a, então isso remete em questão o pressuposto de inteligência? Vê-se bem quanto são fortes todas as idéias, crenças, ilusões, contradições, medos em torno da inteligência e seus efeitos.
A inteligência, tudo bem, mas há sempre duas ou três pequenas coisas que vão junto, explica-me Aurore. Eu teria bem aceito a inteligência, porque é verdade que ela pode servir! Mas todo o resto, é muito difícil de viver.”

O que é preciso reter 
- Ser sobredotado, é primeiro e antes tudo um modo de ser inteligente, uma forma atípica de funcionamento intelectual, uma ativação dos recursos cognitivos cujas bases cerebrais diferem e cuja organização mostra as singularidades inesperadas.
- Não se trata de ser quantitativamente mais inteligente, mas de dispor de uma inteligência qualitativamente diferente. Não é verdadeiramente a mesma coisa!
- Ser sobredotado associa um muito alto nível de recursos intelectuais, uma inteligência fora da norma, de imensas capacidades de compreensão, de análise, de memorização. E uma sensibilidade, uma emotividade, uma receptividade afetiva, uma percepção dos cinco sentidos, uma clarividência cuja amplitude e intensidade invadem o campo do pensamento. As duas facetas estão SEMPRE intrincadas.
 - Ser sobredotado, é uma maneira de estar no mundo que colore o conjunto da personalidade.
- Ser sobredotado, é a emoção na borda dos lábios, sempre, e o pensamento nas fronteiras do infinito, todo o tempo.
» Sempre compreender as duas facetas do sobredotado: o intelectual E o afetivo. 
Não levar em conta as particularidades de funcionamento do sobredotado sobre duas versões, intelectual e afetivo, que vão construir toda sua personalidade e marcar todas as etapas de seu desenvolvimento e a construção de toda sua vida, é negligenciar toda uma parte da população sob o pretexto de ideologias ultrapassadas e de enganos. 
(écrit par Siaud-Facchin, spécialiste des surdoués)