terça-feira, 11 de outubro de 2011

A esquisita 'zebra'

Permito-me escrever um pouco, um mínimo do mínimo, obviamente, do universo do sobredotado, e com fundamento escrevo. Apenas trechos. Algo com termos mais científicos não exporei aqui.
De obra estrangeira especializada:
Zebrinha, falar ou não falar a respeito? Sob pena de escárnio, etc, mil e um comentários-retalhos. Mas já não o era assim?! Ou silenciar, como sempre soube fazê-lo. (Essas esquisitas zebras, http://osobredotado.blogspot.com)

". Quando se é sobredotado, não se sente jamais, então jamais, superior aos outros. E, entretanto, esta idéia do sentimento de superioridade que se vivenciaria porque se é sobredotado martela tanto os espíritos... daqueles que não o são!
. Particularidades dos sobredotados inacessíveis a uma compreensão e análise clássicas.
. Parecidos, mas tão diferentes. Ambiguidade de termos. Difícil falar a respeito e expor.
. Tenta comunicar-se, enquanto não se funciona segundo os mesmos processos.
. Para o sobredotado, a precisão absoluta é fundamental, compreensão literal das coisas. É preciso explicar o contexto para que ele compreenda. Senão ele não compreende.
. Perder-se no seu pensamento conduz frequentemente o sobredotado a passar por desvios para cercar uma idéia. É por vezes a única solução para tentar clarear suas palavras.
. A criança sobredotada, mesmo acabando silenciosa, tem necessidade de ser perpetuamente tranquilizada. Funcionamento fora das normas escolares.
. Vive em vários espaços-tempos.
. Impossibilidade de se desatar do contexto. É uma verdadeira 'esponja'. Esta permeabilidade deixa pouco repouso e conduz a ajustamentos constantes.
. Uma força frágil. Altamente sensível. Como um objeto high tech.
. Não está jamais sincronizado com o movimento geral.
. Uma candura desarmante num ser tão lúcido.
. Um ser profundamente afetivo (relação intrínseca e inseparável do funcionamento cognitivo). As estruturas do funcionamento afetivo do sobredotado se encontram também aninhadas no cérebro e nos processos neurofisiológicos da percepção sensorial. Nós veremos que estas singularidades esclarecem uma grande parte das características habitualmente encontradas na organização da personalidade do sobredotado e na sua relação com o mundo, sempre singular.
. Ou uma distância cognitiva entre si e o mundo. Num determinado momento, não mais sentir!
. Sim, ele é primeiro um ser afetivo. A ingerência afetiva está sempre presente no sobredotado, aí compreendido o ato cognitivo. Eis o que o dá por vezes este qualificativo de imaturo. Como se a dominante do afetivo fosse somente privilégio de todas pequenas crianças!
. O sobredotado é multiidade, e ele se situa igualmente em vários espaços-tempos: passado-presente-futuro. Tempo do vivido individual, mas que é também recolocado no contexto do espaço-tempo do universo. Tomar uma decisão no aqui e agora torna-se muito difícil por este levar em conta o antes, o depois, mas também o outro lugar. A perspectiva de si é muito diferente pois relativizada na escala do tempo e do espaço.
Isto corresponde à impossibilidade para o sobredotado de se desatar do contexto. Sua existência, sua razão de ser e de viver, é dependente dA Vida, com um A e um V maiúsculos. Sua pequena vida é religada ao sentido do mundo. Mesmo se o sentido lhe escapa, ele não pode se considerar como isolado do resto. Toda sua vida pessoal, insignificante, é perpetuamente colocada em perspectiva à escala do universo. Para o sobredotado, somente esta perspectiva universal e intemporal pode ter sentido e dar sentido à vida comum de cada um.

. Nada nos para. E é como se não estivesse aqui, em espírito. E irritante para o entorno. Isto é fruto da arborescência do pensamento.
. Sendo o contexto carregado de informações, em particular emocionais, ele não chega a canalizar sua atenção. Ele se coloca em 'modo vigia' e não permite entrar em seu cérebro senão o mínimo de informações vitais... Neste momento, tem-se a impressão de que ele não escuta, de que ele não está lá! Por vezes, prejudicial para ele e muito provocante para o meio. Ele está em modo econômico!

. Acarreta agressividade escondida, rivalidade, inveja, irritação, nas pessoas que convivem com esta 'zebrinha'.
. O encontro com os outros é perturbado. Estigmatizarão esta criança ou adulto admirado por  agressividades. Os outros não compreendem bem esta pessoa diferente que as incomoda...

.'Um camaleão', para a adequação ao mundo e tendo em vista o risco de rejeição.
. Os outros o vêem sob o olhar de sua aparência.
. A intensidade do pensamento arrasta a um ponto do infinito. É uma sensação que cria uma angústia pois não se sabe mais a quê se ligar.
. Não confundir o perfeccionismo do sobredotado com o caráter, ou a patalogia obsessiva.
. Têm dificuldade de se interessar pelos assuntos que retêm principalmente a atenção dos outros e deve fazer um esforço considerável para se adaptar. Ruptura com o exterior.
. Necessidade de estimulações amorosas constantes. O que o motiva: se sentir livre! São escapatórias ao tédio existencial.
. A resistência ao sentimento amoroso é muito forte, e deve-se ao medo. Medo de soltar todos os diques, de revelar sua vulnerabilidade e sensibilidade.
. O adolescente: mais nada pode ser sentido através do corpo.Ou ainda a emergência de um vazio sideral interior para não mais sentir. A clivagem intelecto/corpo pode se tornar densa e cortar todo contato com a esfera emocional na adolescência.
. A impossível certeza: cada nova resposta atrai uma nova questão. Então, a dúvida é permanente e sobre todos os assuntos. Este modo de funcionamento acarreta uma forte problemática em torno da escolha. Escolher é renunciar... E os outros insistem na idéia de que não há a escolha de... não escolher!
. Recusa de um tipo de sucesso desatado de sentido. Um êxito relativo à escala do mundo!
. Singularidades nos processos neurofisiológicos da percepção sensorial.
. Como denominá-lo? Intelectualmente precoce? Sobredotado? HP, alto potencial (haut potenciel), ou HQI, alto QI, como se a sigla pudesse suavizar o que o perturba. Ser sobredotado supõe-se que se deva fazer algo de grande. Senão se o desperdiça? A culpa ronda... Imediatamente entende-se alguém mais dotado que, ou de dom de nascença. Complicado para uma criança ouvir dizer que ela é sobredotada quando isto não corresponde em nada ao que os outros pensam dela nem ao que ela sente nela mesma de suas possibilidades. E para o adulto? Como se pensar sobredotado?
. O sobredotado tem uma inteligência fora da norma, qualitativamente diferente.
. Organização cognitiva particular. E não é o número de neurônios que conta, é o número de conexões. E a ligação neurológica, intrínseca com as emoções, a afetividade.
. E, na verdade, eu acho o sobredotado muito mais adaptado que os outros!
. O atraso é uma outra forma de deslocamento. Uma nobre forma. Desta vez aqui é a hiperconscientização da vida que não coloca o sobredotado no mesmo tempo. Para ele, alguns conferem uma importância desmesurada a valores que para ele parecem tão subsidiários. O sobredotado deixa os outros 'correrem', mas progride mais lentamente. No tempo relativo ao que ele considera as verdadeiras coisas.

. Autosabotamento. Cortes.
. Como recusar reconhecer as singularidades de funcionamento e de adaptação desses 2% da população que se situam em simetria daqueles cuja deficiência intelectual é objetivável? Singularidades que esta inteligência excessiva gera.
. A impaciência que sente é tão penosa de suportar com todo seu cortejo de sensações físicas e psíquicas, mas também com todas as críticas, os ataques que ela suscita, que o sobredotado acaba por não dizer nada. Por aceitar sem discutir. Desinveste. Não implicado. Um retiro. Para sua vida profissional, social,...
. Eles mesmos percebem, sem saber nomeá-lo, os outros sentem, mas o atribuem a um traço de caráter, a uma originalidade, à personalidade "marginal", ou muito sensível de seu amigo... O adulto se acha assim pego, e desde sempre, num sistema de espelhos que refletem imagens de si mesmo multiformes e frequentemente deformadas.

. Grande ingenuidade e ignorância de vida. É como se o sobredotado fosse incapaz de aprender pela experiência.
. capacidade sensorial exacerbada. Competências visuais, auditivas, gustativas, olfativas, mas também sinestésicas - o gosto e o tocar - que se revelam muito superiores à média da população. A observação clínica mostra um número surpreendente de gastrônomos nos sobredotados e a relação muito particular que eles mantêm com o tocar. Eles têm necessidade de tocar para compreender. Competência intermodal.
A capacidade exarcebada dos cinco sentidos explica a extrema reação emocional e a importância do afetivo. Todos os sentidos alertas de maneira constante alargam a receptividade ao mundo. A exarcebação dos sentidos gera uma sensibilidade emocional elevada: tudo é percebido e a todo tempo. A hiperestimulação, isto é, a rapidez do desencadeamento de uma resposta emocional do organismo, está diretamente correlacionado à hiperestesia. É raro que os sobredotados falem disso pois, como para muitos dos aspectos de sua personalidade, eles ignoram que os outros não vivem as mesmas experiências.
e etc.!
. Quando o cérebro direito domina, numerosas tarefas tornam-se muito difíceis.
Um testemunho: "nas crianças/adultos normais, quando se coloca uma questão, há uma antena que se eleva e elas refletem em torno, ao passo que em nós, há vinte e cinco antenas que se elevam e de repente se embaralham e não se chega mais a canalizar. Para exprimir-se, é muito difícil."
Só consegue expressar o mais perfeito do que quer dizer, se em conexão com a alquimia de seu pensamento e sua emoção.
. A probabilidade de ser vegetariano é significativamente mais elevada nos sobredotados. Ora, a alimentação vegetariana tem sempre sido considerada com menos nociva para a saúde. O medo de riscos potenciais incorridos com uma alimentação tradicional motiva provavelmente sua escolha alimentar!; os sobredotados são menos fumantes que os outros: globalmente, eles adotam mais espontaneamente comportamentos protetores. Aliás, os sobredotados apresentam riscos cardiovasculares menos elevados; os sobredotados gastam mais facilmente seu dinheiro. Sua hiperconscientização do fim e da vacuidade do mundo não os incita a economizar. Por que o fazer? O que precisa ser demonstrado!
. Para um sobredotado, precisaria que a vida fosse sempre brilhante, fatos de novos acontecimentos, de emoções fortes e partilhadas, de alegrias intensas, de felicidades exaltadas, de êxitos sublimes... Uma vida contrastada onde se sente vivo. Um mundo ao qual se participa plenamente. Com o coração e a cabeça, com o desejo no ventre, a curiosidade alerta. Uma aventura exaltante partilhada por todos com o mesmo objetivo, o único válido pelo sobredotado, um objetivo profundamente humanista.
. O tédio no cotidiano. Incisivo, perturbado, culpabilizante. Um tédio que sobrevém muito frequentemente, sem prevenir. Seu ataque favorito: quando se acha em companhia. É o tédio o mais terrível pois ele demanda uma grande energia: é preciso fazer parecido. Absolutamente. Encontrar todas essas conversas tão interessantes, todas as vias destas pessoas tão apaixonadas, todas as anedotas de seu cotidiano tão palpitante. E se interessar por suas profissões, por seus filhos, por seu cônjuge. O sobredotado aí permanece um tempo. Mas repentinamente, acabou-se, ele desengata. Sem mesmo se dar conta. Seu olhar torna-se muito fluido, sua atenção flutua, ele está em outro lugar. Por vezes ele volta a se reconectar. Com muito esforço. Mas se o ritmo é muito lento ou o interesse muito fraco, ele não se retém na duração. Seria preciso que ele passasse todo o tempo com algo de novo. O tédio se insinua assim em um grande número de situações. É clássico na vida do sobredotado. O sobredotado luta sem relaxamento contra este tédio que o encerra. Ele pode conduzir a estados próximos da depressão. Não se trata de patologia no entanto, mas os efeitos de tédio não devem ser subestimados. É preciso uma grande energia para se relançar em permanência numa vida que parece rápido, para o sobredotado, a um terreno vago. A ele é preciso se criar estímulos permanentes.
. E o sobredotado pergunta a um eventual psicólogo: "Como você pode me compreender já que você não é sobredotado? Você terá seus limites. Você pode compreender a teoria, mas não o que eu vejo". Ufa! É preciso entendê-lo mesmo.
. Notável capacidade de manipulação do sobredotado. É inicialmente ele que testa o psicólogo, e pode dar ao psicólogo um ilusório sentimento de competência; um presente que ele dá ao psicólogo, por consideração. O sobredotado é ávido de ajuda, mas desiludido de não encontrá-la.
. Ingenuidade marcante, expressão da credulidade. Ele crê no maravilhoso, no mágico.
. Insatisfação crônica do sobredotado. Necessidade de mudar constantemente de profissão, sem jamais verdadeiramente encontrar o seu lugar. Como decidir e não renunciar? Nas entrelinhas se desenha uma forma de sentimento de tudo-poder: eu gostaria de tudo fazer! Fonte de sentimento que não o deixa jamais em paz. Tudo é constantemente repensado e colocado em questão. Uma armadilha desta singular forma de pensar, sem relaxamento.
. Relação com o mundo sempre singular.
. Vive ataques injustificados, desde criança, sobretudo na escola.
. Tratamento global e em imagens.
. Capacidade de tratamento simultâneo de um grande número de dados.
. Funcionamento analógico pela associação de idéias.
. Tem uma resposta intuitiva: não poder ter acesso aos procedimentos de sua consciência. Todos os sobredotados têm esta dificuldade. Dificuldade paradoxal que reduz por sua estrutura mesma o funcionamento de toda sua riqueza intrínseca.
Sobre um plano neuropsicológico, esta singularidade se explica pela ativação de conexões neuronais que emprestam vias ultrarápidas e por si mesmas imperceptíveis à consciência. A intuição fulgurante surge da colocação em ação dessas redes de neurônios carregadas de informações. As imagens cerebrais mostram esta ativação cerebral soterrada que se alimenta de conhecimentos anteriores e da capacidade de criar conexões inéditas. A inteligência intuitiva é a resultante absoluta com suas armadilhas e seus imensos recursos.
. A inadaptação social vem de sua inteligência sulfúrica.
. Sintaxe correta, vocabulário rico e elaborado, desde muito cedo.
. Decide cobrir seu cérebro com o sudário da estupidez. Melhor parecer imbecil."



"Preferir então a zebra, terminologia que libera das representações pesadas. A zebra, este animal diferente, este equestre que é o único que o homem não pode aprisionar, que se distingue notadamente dos outros na savana, utiliza suas listras para se dissimular. As zebras são únicas e lhes permitem reconhecer-se entre elas. Eu continuarei a defender essas pessoas 'listradas' como se estas zebruras evocassem também golpes de garra que a vida lhes poderia dar. Eu continuarei a explicar a elas que suas listras são também formidáveis particularidades que podem salvá-las de um grande número de armadilhas e perigos. Que elas são magníficas e que elas podem estar confiantes. Serenamente.
Zebra, como de A até Z, como Zorro que vem fazer justiça, sempre e por todo lugar, ou ainda a ligação que lembra que são Z'emotivos, Z'errantes, Z'insubmissos, Z'ermitões, ..."
(acompanha testes neuropsicológicos específico e global, aplicados por experts.)