sábado, 20 de setembro de 2025

Educação potencializadora de Paulo Freire

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Ontem foi aniversário do educador  Paulo Freire. Ele faria 102 anos. Alguns se referem ao “método Paulo Freire” como se fosse uma  técnica. Mas a palavra  “técnica”  não se aplica adequadamente à práxis pedagógica de Paulo Freire.

A  prática de Paulo Freire é uma poética da autonomia ,  um processo de  singularização que nunca pode ser reduzido a uma fórmula ou padrão ( fórmulas e padrões são  instrumentos de um poder que desautonomiza).

A poética educacional de Paulo Freire dialoga também com Espinosa. Ambos convergem no seguinte ponto:  o educador que deseja ensinar deve compreender, antes de tudo, que o aprender vem antes do ensinar.

O autêntico educador deve conhecer seus educandos não como  seres a serem adestrados para o mercado,  e sim como agentes que dão sentido ao mundo em que vivem. Mundo esse a ser transformado pela educação emancipadora  .

Mesmo que não saibam ler ou escrever,  homens e mulheres  dão sentido ao mundo em que vivem por intermédio de palavras-ferramentas, as quais Paulo Freire chama de “palavras-geradoras”.

No caso da alfabetização de adultos, as palavras-geradoras atestam que, mesmo sem saber ler livros , aqueles que as produziram já sabiam ler o mundo.

“Geradora”, “generosidade” e “gente” são palavras com a mesma raiz semântica. Por isso, palavra-geradora é palavra generosa que nos potencializa como gente, tanto ao que ensina quanto ao que aprende.

A poética freireana auxilia o educando a partejar as outras palavras que vivem na imanência da palavra geradora. Com isso, é a própria mente do educando que também aprende com a palavra que sua fala já dizia, palavra essa que , desdobrada, também revela a riqueza de seu mundo. Não riqueza medida em dinheiro, mas riqueza que se expressa no conhecimento que autonomiza.

As palavras-geradoras, autênticas palavras-potências, desenvolvem e explicam o sentido que nelas está implicado. Pois elas não são apenas palavras, elas são também ideias, percepções, cantares, repentes, sons ancestrais...

 O contrário da educação potencializadora   é o “ensino bancário”, no qual o conhecimento é “depositado” pelo professor no aluno como se este fosse uma conta que precisa dar lucro. É um modelo quantitativista, tecnocrata e mercadológico do conhecimento, no qual o aluno é tratado como coisa, não como gente . O ensino  bancário reproduz a  lógica do dinheiro e seu poder concentrador e excludente.

As palavras-geradoras não pertencem a cartilhas, elas pertencem às falas populares que o poder dominante cala ou não deixa  que sejam  ouvidas.

A palavra-geradora me lembra as palavras geradas do lápis do poeta Manoel de Barros, que dizia: “Na ponta do meu lápis tem apenas nascimento”.

O contrário da palavra-geradora é qualquer uma que, mera palavra-destruidora, venha da boca de um fas(cis)ta ( escrevi assim para driblar  os robôs do face, que andam censurando certas palavras críticas).   


“A justiça social tem que vir antes da caridade.” (Paulo Freire)


“Aprendo com o povo sintaxes tortas.” ( Manoel de Barros)


(Postagem de Elton Luiz Leite de Souza em

20set2023 no Facebook)

 

sábado, 3 de dezembro de 2022

 Nós não somos donos da terra. Nós somos os cuidadores da terra... nós cuidamos dela e de todas as coisas que nela estão. A Terra, é a casa de tudo o que existe nesse planeta, inclusive os seres humanos. Tudo está interligado.


“Minha é a Terra e tudo o que ela contem e vocês são meus hóspedes e inquilinos”(Lv 25,23).



Imagem By Carolyn Schmitz


 "Mas se Deus é as árvores e as flores

E os montes e o luar e o sol,

Para que lhe chamo eu Deus?

Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar;

Porque, se ele se fez, para eu o ver,

Sol e luar e flores e árvores e montes,

Se ele me aparece como sendo árvores e montes

E luar e sol e flores,

É que ele quer que eu o conheça

Como árvores e montes e flores e luar e sol.


E por isso eu obedeço-lhe,

(Que mais sei eu de Deus que Deus de si próprio?),

Obedeço-lhe a viver, espontaneamente,

Como quem abre os olhos e vê,

E chamo-lhe luar e sol e flores e árvores e montes,

E amo-o sem pensar nele,

E penso-o vendo e ouvindo,

E ando com ele a toda a hora."



“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.

domingo, 1 de maio de 2022

 STJ reconhece os Direitos da Natureza em decisão inédita, na proteção do bem estar de um papagaio!

A teoria transcrita no livro de mesmo nome, de autoria de Vanessa Hasson, foi invocada como um dos fundamentos na argumentação.

O Ministro OG Fernandes destacou que:

"O fator mais importante desta reflexão assenta-se em um redimensionamento do ser humano com a natureza a partir de um enfoque do direito biocêntrico e não somente antropocêntrico (...) Na fundamentação defendida por Oliveira (2016), a natureza não é algo apartado da espécie humana e os demais seres da coletividade planetária, assim como os seres humanos, são a própria natureza em sua universalidade e diversidade (OLIVEIRA, Vanessa Hasson de. Direitos da Natureza. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016, p. 115).*

É necessário repensar uma nova racionalidade distinta da lógica hegemonicamente traçada e reproduzida nas instâncias ordinárias que apreciam demandas como esta que é objeto de discussão nesta Corte Superior, de maneira que se possa impulsionar o Estado e a Sociedade a pensarem de maneira radicalmente distinta dos padrões jurídicos postos.

Ademais, tendo essa reflexão como ponto de partida, não é difícil chegar à conclusão de que a relação que se deve estabelecer entre o ser humano e a natureza é muito mais uma inter-relação marcada pela interdependência, do que uma relação de dominação do ser humano sobre os demais seres da coletividade planetária.

Portanto, faz-se necessária uma reflexão no campo interno das legislações infraconstitucionais, na tentativa de apontar caminhos para que se amadureça a discussão acerca do reconhecimento da dignidade aos animais não humanos, e, consequentemente, do reconhecimento dos direitos e da mudança da forma como as pessoas se relacionam entre si e com os demais seres vivos."

Confira a íntegra do Acórdão em:

https://ww2.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/ATP?seq=92773702&tipo=51&nreg=201800312300&SeqCgrmaSessao=&CodOrgaoJgdr=&dt=20190328&formato=PDF&salvar=false

https://www.facebook.com/856092827797706/posts/2571728369567468/

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

 Surdouance.

Notes.   

# il est passioné par tout et change souvent de centre d'intére^t. 

Il a besoin de stimulations et s'envie dans les activités de routine. 

Il est plus 'a l'aise dans les actvités compliquées que dans activités simples, ou' il commet des erreurs bêtes. #

inteligência arborescente, não linear.

(...) Mas eu sei também que as faíscas de pensamento reacendem esta vivacidade intelectual sempre intacta e a qual, apesar de tudo, o adulto sobredotado continua a se conectar em segredo.

(...) fina compreensão das coisas.

(...) que quando se e' adulto, se esta' só, mesmo rodeado de amor.

# imagem de imbecil # inadaptação social vem de minha inteligência sulfúrica # situações que valem ouro, ao passo que para os outros isso será uma coisa como as outras (...)




terça-feira, 28 de setembro de 2021

 Leite de vaca é violência contra a maternidade animal. (Vegazeta)

"Você já considerou que o leite de vaca produzido com a finalidade de atender predileções humanas de consumo é uma violência contra a maternidade animal? 

Nesse segmento da pecuária, nos deparamos basicamente com vacas que têm a sua vida reprodutiva subjugada à produção leiteira.

Ou seja, embora sejam animais com características e capacidades emotivas e sociais (pense na conexão primordial da vaca com o bezerro e a forma como ela se relaciona com suas companheiras), suas vidas são pautadas pelos ditames do mercado. Seus interesses enquanto seres individuais são completamente desconsiderados.

Uma novilha ou vaca é escolhida pelo seu possível potencial reprodutivo, que normalmente perpassa pela questão do aperfeiçoamento genético (até porque se o animal não for uma boa matriz, ele é enviado mais cedo para o matadouro). Então ela é condicionada a engravidar, seja por meio de inseminação artificial ou não. E isso ocorre de forma totalmente mecânica, fria e destituída de qualquer valor inerentemente instintivo de sua própria natureza obliterada da essência.

Imagine como deve ser engravidar e entrar em estado de lactação apenas para gerar um produto (leite) a ser consumido por animais de outra espécie. Ou seja, sua sexualidade, independente de método, é explorada de forma condicionada, sistemática e exaustiva. Seus anseios naturais são suprimidos e sua condição de viver é submetida o tempo todo aos critérios da indústria.

E em caso de inseminação artificial, sua intimidade é violada por mãos humanas e um aplicador metálico. O quanto isso te parece sensível? E ela é mantida em um pequeno espaço que inviabiliza qualquer possibilidade de fuga ou maior resistência.

Se tal violação for bem-sucedida na pecuária de leite, que tem como meta buscar meios de garantir um parto por ano envolvendo cada vaca, a fêmea passa a receber uma alimentação com o objetivo de assegurar que chegue ao peso considerado ideal para o parto.

Já após o nascimento, o padrão é o bezerro passar 24 horas com a vaca antes de serem apartados, e os machos logo serão descartados (mortos) porque não são economicamente viáveis na pecuária de leite. Imagine o impacto dessa rotina para uma vaca. Como isso pode não ser uma violência contra a maternidade animal?

Uma vaca leiteira vive em média cinco anos, embora tenha potencial para viver por 15 a 20 anos. Sendo assim, se sua expectativa de vida é reduzida, não há como ignorar que isso é consequência do sistema de exploração animal em que o animal está inserido." (https://vegazeta.com.br/leite-e-violencia-contra-a-maternidade-animal/)